Por que o Ibovespa atinge maior sequência de quedas em toda historia

Durante esta semana, as bolsas ao redor do mundo foram impactadas pelo ressurgimento das preocupações acerca da taxa de juros, inflação nos Estados Unidos e da crise imobiliária na China. A situação foi ainda mais grave por aqui, onde, somando-se aos ruídos externos, os investidores encontraram razões concretas para inquietação diante desta queda histórica no mercado de ações brasileira.

Na quarta-feira, a divulgação da ata do FOMC causou apreensão entre os investidores globais ao mencionar a possibilidade de um aumento adicional na taxa de juros ainda este ano. Como resultado imediato, as bolsas registraram uma queda e houve uma valorização dos títulos de renda fixa dos Estados Unidos, o que também atrapalha as bolsas.

Na China, uma crise imobiliária, que também está afetando os bancos, continua a se agravar. No entanto, Xi Jinping já anunciou que o governo está trabalhando na elaboração de um “pacote” de estímulo a economia e pediu paciência aos cidadãos.

No cenário brasileiro, nossa querida Ibovespa continuou a registrar quedas, marcando ontem a sequência mais longa de quedas na história do Ibovespa, total de 13 pregões. Hoje fechamos em 0,37% positivo pondo fim a sequência histórica de quedas. Além das influências externas favoráveis ​​a essa situação, uma série de fatores domésticos agravou o pessimismo entre os investidores esta semana. Vamos examinar alguns desses elementos:

* Perspectiva de aumento da inflação no Brasil com os aumentos de 16,3% na gasolina e  25,8% no diesel.
* A Eletrobras se destacou como uma das principais responsáveis ​​por influenciar nosso índice ao longo da semana. Isso se deu, em parte, a um parecer da PGR que apoiou a expansão do controle governamental sobre a empresa. Além disso, rumores ganharam forças, sugerindo que a privatização da companhia poderia ser revertida, depois de culparem a privatização pelo apagão que afetou todo o território brasileiro.
* A declaração do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a criação de um grupo de estudos de economistas que não são do mercado para tentar combater a inflação sem juros altos, também incomodou os investidores, quando a notícia saiu a bolsa caiu ainda mais.
* Saída de capital estrangeiro da nossa bolsa também chamou atenção nessa semana colaborando com a queda da bolsa e que também refletiu no dólar que chegou a bater R$ 4,99 e fechando a semana em R$ 4,97.

É, de fato, preocupante a trajetória que o Brasil vem trilhando. Enquanto muitas economias globais estão começando a vislumbrar melhorias econômicas, estamos testemunhando o contrário acontecendo por aqui. Enquanto outras nações começam a controlar a inflação, nós que “saímos” na frente durante o antigo governo, agora estamos enfrentando tropeços e nos aproximando perigosamente de uma possível retomada persistente da inflação.

Em um momento crucial para a economia, o Brasil enfrenta desafios que exigem ações cautelosas e colaborativas. A conjunção de fatores internos e externos tem abalado o nosso mercado, gerando insegurança e desconfiança. No entanto, este cenário não é irreversível. O país possui recursos, talentos e potencial para retomar o rumo do crescimento sustentável. As oscilações na bolsa e as ameaças inflacionárias não podem ser negligenciadas, mas sim encaradas como oportunidades para remodelar a abordagem econômica do país. A história demonstra a capacidade de resiliência do Brasil diante das adversidades, e é hora de reunir esforços para trilhar um caminho de recuperação sustentável. A busca por soluções requer a cooperação entre os setores públicos e privados, inovação nas políticas encorajadoras e, acima de tudo, um compromisso renovado com a estabilidade e o progresso.

Sobre o colunista

Maurício Barreto

Bacharel em Administração, investidor, professor, pagador de impostos de CNPJ, apaixonado por economia e pelo mundo dos investimentos.

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