Você sabia que a última música que os Beatles gravaram juntos foi The End, do fantástico Abbey Road? Que nome profético! Eles não podiam terminar o último disco gravado (não lançado, que foi o Let it Be) sem deixar uma mensagem de amor para os fãs, né?
E que mensagem, hein? O Paul mandou muito bem com uma frase que é puro suco dos anos 60:
– E no final, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá!
Será que ele meditava? O John achava que sim, e disse que o Paul podia ser um gênio quando queria. Mas será que ele queria mesmo terminar os Beatles? Eu duvido, e muito!
Pelo menos o Paul se esforçou para dar um adeus digno aos Beatles:
- John estava nem aí para o medley de Abbey Road, e até quis separar as músicas dele das do Paul no álbum.
- George também estava de saco cheio do Paul mandando em tudo, e já estava de olho em outros projetos, incluindo um disco triplo engatilhado
- Ringo que era um amor de pessoa e ficava na dele, coitado. Ele não queria o fim de tudo.
Mas quis a história que assim o fosse. Paul não desistiu dos Beatles até o fim, e fez questão de que eles tivessem um final épico.
E que final, meus amigos!
The End tem de tudo, como um solo de bateria do Ringo, que ele só fez depois de muita insistência, porque ele odiava solos de bateria. Na real, Ringo achava que era coisa de baterista metido a besta, tipo o Buddy Rich. Mas, no final (tundun, tiss) ele acabou fazendo um solo incrível que deixou todo mundo de boca aberta. Até o Geoff Emerick, o engenheiro de som, ficou impressionado com o talento do Ringo.
‘The End também tem um duelo de guitarras entre o Paul, o George e o John, que se revezam em riffs sensacionais sobre os corinhos de “Love you, love you”. Foi uma ideia genial do Paul, claro, que quis mostrar que os Beatles eram uma banda de verdade, e que cada um tinha seu brilho.
Detalhe: os vocais de “Love you, love you” foram adicionados por McCartney em 7 de agosto. Ele gravou as peças várias vezes, incluindo uma vez com a máquina de fita funcionando mais lentamente do que o normal, o que aumentou o tom quando reproduzido normalmente. Sim, ele cantou sozinho tudo.
Foi uma forma de homenagear os companheiros, mesmo que eles estivessem brigando pelo menor pedaço de pão na mesa.
E assim “terminou”, entre muitas aspas, a história dos Beatles: uma música que resume tudo o que eles representaram. Temos amor, música e magia. Uma música que nos faz pensar, sentir e sonhar. Uma música que nos lembra que os Beatles foram, são e sempre serão a maior banda de todos os tempos.
E que, no final, o amor é tudo o que importa.
Aroldo Antonio Glomb Junior é jornalista e Athleticano.