Por que o MVP se tornou a estratégia preferida das empresas inovadoras?

Por Francisco Tramujas

Em conversa com o empresário Michel Figueiro, CEO da KondoUp, me veio a ideia de escrever este artigo para detalhar a importância do MVP para acelerar o lançamento de um novo produto, assim como ter mais clareza do possível sucesso desta sensacional estratégia.

 

MVP, ou Produto Mínimo Viável (em inglês, Minimum Viable Product), é uma estratégia de desenvolvimento de produtos e serviços que busca lançar no mercado a versão mais básica e funcional possível de uma ideia, com o objetivo de validar hipóteses e aprender com o feedback dos usuários. Esse conceito foi popularizado por Eric Ries no contexto da metodologia Lean Startup.

 

A ideia fundamental do MVP é criar uma versão inicial do produto que contenha apenas os recursos essenciais para atender às necessidades básicas dos usuários. Essa abordagem tem várias vantagens:

 

Validação rápida: O MVP permite que as empresas testem suas ideias no mercado o mais rápido possível, obtendo feedback real dos usuários. Isso ajuda a confirmar se há demanda pelo produto ou serviço.

 

Economia de recursos: Ao focar apenas nos recursos essenciais, as empresas podem economizar tempo e recursos no desenvolvimento inicial. Isso é especialmente importante em ambientes de incerteza, onde os requisitos podem mudar rapidamente.

 

Iteração contínua: Com base no feedback do MVP, as empresas podem realizar iterações contínuas e melhorar o produto ao longo do tempo. Isso permite uma adaptação mais ágil às necessidades do mercado.

 

Destaco alguns bons exemplos de casos reais de MVPs no Brasil e no mundo:

 

  1. Dropbox (Serviço de armazenamento e partilha de dados):

MVP: O Dropbox começou com um vídeo explicativo animado que mostrava como o serviço funcionaria, antes mesmo de o produto ser desenvolvido.

Resultado: O vídeo viralizou na internet, gerando grande interesse e confirmando a demanda pelo serviço.

 

  1. Zappos (Principal loja de venda de calçados do mundo):

MVP: Inicialmente, a Zappos começou como uma loja online que não mantinha estoque próprio. Eles compravam os produtos de lojas físicas apenas quando os clientes faziam pedidos.

Resultado: Esse modelo permitiu validar a demanda antes de investir em um grande estoque próprio. A Zappos se tornou um grande sucesso no mercado de varejo online quando lá em 1999 era quase impensada a venda de sapatos online. Uma das estratégias campeãs da marca foi criar o primeiro estímulo de venda de sapatos online, na qual o comprador da Zappos poderia trocar o sapato comprado se não gostasse ou o tamanho não desse certo, sem custo.

 

  1. Nubank (Brasil):

MVP: O Nubank começou com um cartão de crédito sem taxas anuais e um aplicativo simples para gerenciar as finanças.

Resultado: O sucesso inicial confirmou a demanda por serviços bancários mais acessíveis e eficientes. O Nubank expandiu sua oferta para incluir outros produtos financeiros.

  1. Airbnb:

MVP: Os fundadores do Airbnb começaram alugando colchões infláveis em sua própria casa durante uma conferência.

Resultado: Isso ajudou a validar a ideia de compartilhamento de acomodações e cresceu para se tornar uma plataforma global de aluguel de propriedades.

5. McDonalds´s:

MVP: O McDonald’s usa a campanha dos sanduíches das seleções da Copa do Mundo do futebol para introduzir novos sanduíches em seu portfólio para atender às preferências locais e sazonalidades.

Resultado: Ao lançar temporariamente sanduíches inspirados nas seleções participantes em uma região específica a marca consegue avaliar a aceitação e popularidade desses itens, obtendo feedback valioso dos clientes sobre qual destes devem ou não seguir no cardápio fixo do McDonald´s.

 

Existem formas de sinalizar o MVP ao mercado
Além das estratégias tradicionais de lançamento de produtos, algumas marcas adotam uma abordagem específica ao rotular seus produtos ou serviços como “edição limitada”. Essa tática não apenas cria uma sensação de exclusividade, mas também serve como um tipo de Produto Mínimo Viável (MVP) em si.

 

A ideia por trás de uma edição limitada é testar a aceitação de um produto ou serviço no mercado de forma controlada e temporária. Ao limitar a disponibilidade de um item, a empresa pode avaliar a demanda real, medir a resposta dos consumidores e colher feedback valioso. Isso é especialmente eficaz em indústrias onde a sazonalidade e as tendências desempenham um papel significativo.

 

Marcas que utilizam essa estratégia muitas vezes criam um senso de urgência entre os consumidores, incentivando a compra imediata antes que o produto exclusivo saia de circulação. Isso não apenas gera receitas adicionais no curto prazo, mas também fornece dados valiosos para a empresa decidir se deve incorporar permanentemente o item em seu portfólio com base na resposta dos consumidores.

 

Um exemplo notável disso pode ser observado em marcas de alimentos e bebidas, que frequentemente lançam edições limitadas de produtos sazonais ou colaborações exclusivas. A Mondelez usa muito bem esta estratégia quando testa variações de sabores do Bis, por exemplo. Esses lançamentos temporários não apenas geram buzz nas redes sociais, mas também funcionam como um MVP para testar a atratividade do produto no mercado.

 

Empresas que adotam a estratégia de edição limitada muitas vezes encontram sucesso ao transformar itens inicialmente concebidos como temporários em incorporações permanentes devido à sua popularidade.

 

Tal abordagem combina a urgência da oferta limitada com a capacidade de adaptação com base no feedback do consumidor, alinhando-se assim aos princípios fundamentais do Produto Mínimo Viável.

 

Esses exemplos destacam como o uso de MVPs permitiu que essas empresas testassem suas ideias de forma eficiente, validassem a demanda do mercado e ajustassem suas estratégias conforme necessário. O MVP é uma abordagem valiosa para mitigar riscos e garantir o desenvolvimento de produtos ou serviços alinhados com as necessidades reais dos usuários.

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Sobre o colunista

Francisco Tramujas

Especialista em Planejamento estratégico com foco nas seis áreas da Gestão (Estratégia, Financeiro, Pessoas, Comercial e Marketing, Processos e Projetos).

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