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Do Bilhete Premiado ao Cripto Milagre: Como Continuamos Caindo no Golpe Mais Velho do Mundo

Do Bilhete Premiado ao Cripto Milagre: Como Continuamos Caindo no Golpe Mais Velho do Mundo

Por Francisco Tramujas

A ilusão do pote de ouro: o golpe é antigo, mas o cérebro ainda é analógico.

Vivemos em um mundo digital com cérebros moldados por instintos primitivos. A verdade é essa. O golpe não precisa ser genial — basta acionar os gatilhos certos. O resto, o cérebro reptiliano resolve com prazer.

 

A neurociência e a psicologia comportamental explicam: não caímos no golpe por burrice. Caímos porque somos humanos.

 

Os 6 Mecanismos Psicológicos por Trás da Repetição do Erro

  1. Viés de otimismo

As pessoas tendem a acreditar que têm mais sorte, mais habilidade e mais chance de sucesso do que a média. Este viés de otimismo é um velho conhecido da psicologia. É ele que sussurra: “Comigo vai ser diferente.”

 

  1. Efeito Dunning-Kruger

Este fenômeno descreve como pessoas com pouco conhecimento sobre um tema tendem a superestimar sua própria capacidade. Em outras palavras, quem entende menos é justamente quem mais se acha especialista.

“Já estudei tudo sobre criptomoeda!”

Mal sabe que caiu em um funil de vendas com conteúdo manipulado.

 

  1. Disonância cognitiva

Quando a realidade começa a mostrar que o negócio pode ser furada, o cérebro entra em conflito com a escolha que já foi feita. O resultado? Ele busca justificativas para continuar acreditando.

“A empresa só está passando por um momento difícil. O projeto é bom.”

 

  1. Ancoragem emocional

Os golpes se vendem não com números, mas com sonhos. Mostram carrões, viagens, liberdade financeira, histórias de superação. Criam um vínculo emocional que prende a vítima, mesmo quando a lógica diz o contrário.

 

  1. Efeito Halo

A confiança cega em alguém “aparentemente confiável” é um clássico. Se o mentor do golpe usa terno, fala difícil e ostenta sucesso, a mente assume que tudo o que ele diz é verdade. O golpe ganha carimbo de credibilidade.

 

  1. Instinto de manada

Se todo mundo está entrando, deve ser bom.

Nada desperta mais FOMO (Fear of Missing Out) do que ver conhecidos “ganhando dinheiro” com algo novo. O pânico de ficar de fora supera qualquer senso crítico.

 

O Golpe Como Ritual de Pertencimento

Poucos notam, mas muitos golpes funcionam como seitas. Prometem não só dinheiro, mas pertencimento. Criam eventos, uniformes, slogans, e colocam o questionador como “inimigo do sucesso”.

É marketing emocional com estrutura de culto.

 

A vítima, antes mesmo de perceber que foi enganada, já está defendendo o golpe com unhas e dentes.

“Você não entende porque não acredita no seu potencial.”

 

O Cérebro é o Melhor Aliado do Golpista

O sistema límbico — responsável pelas emoções — processa estímulos 200 milissegundos antes do córtex pré-frontal — que toma decisões lógicas. Isso significa que, quando você “sente” que é uma boa ideia, o golpe já ganhou.

 

O golpista não precisa convencer.

Só precisa fazer você desejar.

É a lógica da dopamina: promessa de ganho rápido, prazer imediato. E o seu cérebro grita:

“Investe logo, depois você pensa!”

 

O Golpe é uma Psicose Coletiva Disfarçada de Oportunidade

Enquanto houver seres humanos desejando atalhos para a riqueza, os golpes continuarão se adaptando — de marketing multinível para cripto, de pirâmide para metaverso, de promessa de ganho para “movimento de libertação financeira”.

 

A essência nunca mudou.

E como diz a máxima: “Todo dia nasce um malandro e um otário — e em algum momento do dia eles se encontram.”

A única forma de não ser o otário do dia é construir uma mentalidade crítica e emocionalmente imune à ilusão do sucesso instantâneo.

 

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Sobre o colunista

Francisco Tramujas

Especialista em Planejamento estratégico com foco nas seis áreas da Gestão (Estratégia, Financeiro, Pessoas, Comercial e Marketing, Processos e Projetos).

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