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“A primeira vez em que ouvi um ‘senhora’ devia ter meus 42 anos. Tremi. Me olhei no espelho. Pensei: ‘Que diabos está acontecendo?’. A primeira vez em que um adulto me chamou de ‘tia’, tinha 50 anos. Eu ri. Quase dez anos se passaram entre uma situação e outra. Eu já fui esse adulto. Já chamei alguém de senhora em ‘respeito’. Mas, ao envelhecer, a gente percebe que quer respeito, sim, mas também ser vista como um alguém que ainda tem muito a oferecer.
O etarismo é a palavra da vez. Trocando em miúdos, no popular, significa o preconceito contra qualquer pessoa baseado em sua idade. Mas nós, mulheres, estamos no topo dessa cadeia rudimentar. É para gente que os olhares tortos são enviados. Não existe glamour em envelhecer. É uma DROGA! Acredite em mim. Principalmente quando vem precedido de chavões e clichês, como se não nos houvesse outra alternativa a não ser nos privarmos. Nos trancarmos, ficando no escuro, à margem, para que ninguém tenha que lidar com nossas rugas, osteoporose e cabelos brancos além de nós mesmas. É como se nós, as ‘tias’, não tivéssemos direito ao prazer.”
Fonte: Extra