Por Francisco Tramujas
Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia, lançou um alerta: o Bitcoin pode valer zero em até 10 anos. Para ele, a criptomoeda segue o mesmo caminho de uma das maiores bolhas financeiras da história – a Bolha das Tulipas Holandesas. Se isso se confirmar, milhões de investidores ao redor do mundo ficarão com ativos sem valor, repetindo um erro que a humanidade insiste em cometer.
Essa tese se encaixa perfeitamente nos ensinamentos do livro “Os Axiomas de Zurique”, de Max Gunther. A obra, baseada nos princípios usados por banqueiros suíços para investir, ensina que o risco excessivo e a ilusão de riqueza fácil são os principais inimigos do investidor. Um dos axiomas principais diz:
“Nunca faça investimentos baseados em consenso popular.”
Se todo mundo está comprando algo porque “vai subir para sempre”, talvez seja um sinal de que o colapso está próximo. Exatamente o que aconteceu na Holanda no século XVII.
O que foi a Bolha das Tulipas?
A Holanda do século XVII era um dos países mais ricos do mundo. Com o comércio global em expansão e uma classe mercantil forte, os holandeses começaram a especular em um novo mercado: tulipas. Essas flores exóticas, vindas da Turquia, tornaram-se símbolo de status e, rapidamente, os preços dispararam.
- Algumas variedades, como a raríssima Semper Augustus, chegaram a valer o equivalente ao preço de uma casa.
- As pessoas começaram a vender propriedades e bens para comprar bulbos de tulipa, acreditando que os preços nunca cairiam.
- O mercado de tulipas virou um sistema de contratos futuros, onde investidores compravam flores que ainda nem haviam sido colhidas.
Em fevereiro de 1637, a bolha estourou. O pânico tomou conta quando os compradores perceberam que estavam segurando um ativo sem valor intrínseco. Preços despencaram, fortunas foram perdidas e o mercado de tulipas entrou em colapso.
Agora, Krugman e outros economistas apontam para o Bitcoin como a nova tulipa.
Bitcoin: A Tulipa do Século XXI?
O Bitcoin, assim como as tulipas, é impulsionado pela especulação pura. Alguns pontos de atenção:
- Baixa adoção no dia a dia: Poucas empresas aceitam Bitcoin como meio de pagamento e, quando aceitam, enfrentam problemas com volatilidade.
- Concentração nas mãos de poucos: 70% dos Bitcoins estão sob controle de grandes investidores (“baleias”), que podem manipular o mercado com facilidade.
- Histórico de uso em crimes: Em conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia, hackers têm usado Bitcoin para receber pagamentos de ransomware – ataques cibernéticos onde dados são sequestrados e liberados apenas após o pagamento. Grupos como Conti faturaram milhões em resgates pagos em criptomoedas, tornando o Bitcoin o “banco preferido” do crime digital.
No livro “Os Axiomas de Zurique”, Gunther alerta para os perigos dos investimentos movidos pela emoção e pelo medo de ficar de fora. O Bitcoin é um exemplo claro disso: muitos compram não porque entendem o ativo, mas porque temem perder uma suposta oportunidade de enriquecimento fácil.
Bitcoin Vai a Zero?
Se seguirmos o roteiro das tulipas, a resposta é sim. Paul Krugman acredita que o Bitcoin não tem valor real e que, quando o mercado perceber isso, o preço vai desmoronar, levando fortunas consigo.
Por outro lado, os defensores do Bitcoin argumentam que ele já sobreviveu a inúmeras crises e continua crescendo. Mas será que isso basta para evitar um destino semelhante ao das tulipas?
O Axioma Maior de Zurique ensina que não existe investimento seguro e permanente. Tudo é uma aposta – e, talvez, a aposta no Bitcoin esteja perto de acabar.
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