Califórnia Jam 74 caminha para os 50 anos de história

Voltando pro dia 6 de abril de 1974, tivemos a presença de 200 mil pessoas em Ontario,na Califórnia, dos Estados Unidos, que presenciaram um dos últimos festivais de rock que valeu a pena: California Jam.

Criado e produzido pela ABC Entertainment, o evento apresentou, em ordem de aparição, Rare Earth, Earth Wind and Fire, Eagles com o convidado Jackson Browne, Seals and Crofts, Black Oak Arkansas, Black Sabbath, Deep Purple e Emerson, Lake and Palmer.

E tudo foi transmitido no  programa “In Concert” da ABC ao longo de quatro noites. Ou seja, muitos viram as carinhas desses grupos em cores.

O California Jam foi o melhor festival daqueles dias de 1974. Cinco décadas depois, o California Jam – e sua sequência de 1978, que atraiu 300 mil pessoas – permanece no imaginário de quem gosta de boa música.

Primeiro que Ninguém esperava a multidão que as bandas atraíram para a cidade – tanto que o estacionamento se transformou em um verdadeiro pesadelo, com 42 mil carros lotando o espaço e acabando com qualquer chance de tráfego no local, que  ficou parado por quilômetros. Quando tudo acabou, muitos “voltaram” para seus veículos para encontrar multas e seus carros levados por guinchos. Que situação…

Mas vamos combinar que eram outros tempos. Os festivais de rock começaram com Monterey em 1967 e continuaram com Woodstock e Altamont em 1969. Os dois últimos e o Watkins Glen de 1973 atraíram de 300 mil a 600 mil pessoas, sem contar os milhões que mais tarde afirmaram estar em Woodstock.

O California Jam segue essa linha, e foi incrível por ser tranquilo, sem mortes ou nascimentos (que aconteciam nesses encontros), pela  eficiência na produção e pelo valor lucrado pelos organizadores.  Ao contrário de festivais anteriores, uma força de segurança de 700 pessoas conseguiu principalmente desencorajar penetras, o que significa que a maioria dos presentes pagou para entrar. Os ingressos custavam 10 dólares, não era uma fortuna nem nada do estilo.

Todos se deitavam em cobertores e toalhas em uma área gramada a noroeste do autódromo, se entupindo de bebidas e maconha enquanto as bandas se apresentavam no palco.

E tivemos momentos icônicos:
Deep Purple estava estreando dois membros da banda em uma prova de fogo – que acabou com Blackmore destruindo sua guitarra na câmera da rede de televisão, irritando pela proximidade do camera man. E teve explosão e tudo mais.

Black Sabbath tendo que se apresentar de surpresa no meio de suas merecidas férias, pois o empresário “agendou” a apresentação sem eles terem ideia. Iommi estava sem o seu bigode característico, por exemplo…

O piano de Keith Emerson elevado, com ele junto, e girando como uma roda no ar enquanto ele continuava a tocar.ELP encerrou essa noite em alto estilo. Quando o piano começou a dar cambalhotas, parecia um brinquedo de parque de diversões.

Destacando que Deep Purple e ELP lançaram suas apresentações em DVD e CD nos últimos anos, mas o festival permanece indisponível de outra forma apensar de fragmentos em vídeo do Sabbath e outras bandas, como a fantástica Black Oak Arkansas. Greg Lake, do ELP, disse que o evento foi de “proporções bíblicas” – e é isso mesmo!

O festival gerou uma sequência, o California Jam II, também no autódromo, em 18 de março de 1978. Mais de 300 mil pessoas ouviram Aerosmith, Foreigner, Heart e Frank Marino, por exemplo, mas, apesar do sucesso, o festival foi pras cucuias!

O podcast Antigas Novidades fez um especial sobre o festival que você confere aqui!

Aroldo Antonio Glomb Junior é jornalista e Athleticano.

Sobre o colunista

Aroldo Glomb

Jornalista formado. Podcaster. Conhecido no meio da música como “Dr. Rock”.

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