Liderar Não É Mais Gritar no Vestiário: Como Abel Ferreira Decifrou a Geração Z que Luxemburgo não entendeu?
Por Francisco Tramujas
Era Luxemburgo: A Geração que Sabia Jogar Sozinha
Nos anos 90 e 2000, Vanderlei Luxemburgo era mais que um técnico — era um maestro. Comandava craques como Alex, Rivaldo, Roberto Carlos e Romário. Eles não precisavam que alguém explicasse onde se posicionar ou como se comportar. Eles sabiam. Bastava uma ideia central e o resto vinha com talento. Essa era a era dos Baby Boomers e da Geração X raiz, moldados no grito, na repetição, na resiliência quase militarizada.
Mas o tempo mudou. Os campos mudaram. E os jogadores também.
A Chegada de Abel Ferreira: Liderar é Traduzir o Jogo
Em outubro de 2020, um jovem técnico português desembarca no Palmeiras e encontra um time que carregava talento adormecido e potencial inexplorado. Raphael Veiga, Zé Rafael e Rony eram três das promessas à beira do abandono. Sob Luxemburgo, não decolavam. Sob Abel, viraram pilares.
O que mudou?
Abel Ferreira não trouxe apenas tática. Trouxe comunicação neurocompatível com a Geração Z. Entendeu que o jogador de hoje não reage a broncas, mas a propósito. Não se move pelo grito, mas pelo significado. Ele internalizou uma lição simples: o cérebro da geração Z não opera na mesma frequência das gerações anteriores. E, portanto, liderar é traduzir, não ordenar.
Neurociência, Psicologia e o Novo Craque
A Geração Z — nascida entre 1995 e 2010 — cresceu em um mundo digital, visual e fragmentado. Seu processamento de informações é multitarefa, mas sua capacidade de concentração requer clareza e propósito imediato.
Segundo a neurocientista Maryanne Wolf, autora de Reader, Come Home (em português o título Leitor, Volte para casa), essa geração tem menos paciência para discursos vagos ou abstrações. O cérebro moldado pelas telas exige comunicação direta, com visualização clara do papel e do impacto individual.
Abel Ferreira entendeu isso. Com vídeos, mapas de calor, conversas individuais e construção de significado, ele entregou aos seus atletas não apenas o que fazer, como fazer, mas por que fazer.
Ele mastigou o jogo. Quebrou a partida em microtarefas. E em vez de esperar genialidade espontânea, desenhou rotas mentais para a tomada de decisão. Traduzir o macro em micro é a nova arte da liderança.
Luxemburgo e o Silêncio do Gênio
Luxemburgo segue sendo um gênio do futebol. Mas como todo gênio da Geração X, ele fala no idioma da intuição. Ele vê o jogo inteiro, mas esquece que seu jogador de 2025 só enxerga a parte — e precisa que o todo seja descomposto em passos claros.
Ele ainda sabe muito. Mas não basta saber — é preciso transmitir. E transmitir, hoje, não é apenas falar. É desenhar. É dar significado. É mostrar o “como” e o “onde” antes de exigir o “por quê”.
O Erro de Luxemburgo Não Era Tático – Era de Linguagem
Luxemburgo ainda tem um conhecimento tático invejável. Mas o gap geracional o impediu de se comunicar de forma eficaz.
– Geração X (Luxemburgo): Aprendeu na prática, valoriza experiência.
– Geração Z (jogadores): Querem dados, simulações, repetição estratégica.
Abel Ferreira fez a tradução geracional.
O Segredo da Liderança Z: Propósito, Clareza e Feedback
Se a liderança dos anos 2000 era sobre comando, a liderança da geração Z é sobre:
- Propósito emocional: o atleta precisa sentir que está construindo algo maior.
- Clareza executável: cada jogador precisa entender sua função no detalhe.
- Feedback constante: o silêncio da liderança hoje é interpretado como abandono.
Abel Ferreira inova porque não apenas treina. Ele conecta. Ele não exige genialidade: ele desenha o palco para ela acontecer. E esse é o ponto-chave. Ele transformou jogadores inseguros em protagonistas, não porque gritou mais, mas porque ensinou melhor.
O Novo Técnico é um Tradutor de Gerações
Abel não anulou o passado. Ele não é a negação de Luxemburgo — é a evolução necessária da liderança em tempos digitais.
O sucesso de um time hoje passa por entender que o talento existe, mas precisa de direção. A mente da geração Z exige mais do que bronca e cobrança: exige sentido, contexto e acolhimento.
Se Luxemburgo quiser reconectar-se com o presente, ele não precisa mudar sua genialidade — apenas aprender a traduzir sua visão com a linguagem da nova geração.
Porque no futebol e nos negócios, quem não lidera a linguagem da nova geração está fadado a perder o jogo — mesmo que ainda conheça todas as regras.
Liderar no Século XXI é Saber Falar a Língua Certa
O sucesso de Abel Ferreira no Palmeiras não é só sobre futebol – é um case de liderança moderna.
– Geração Z não aceita “sempre foi assim”.
– Ela exige clareza, método e respeito à sua forma de pensar.
Luxemburgo representa o passado glorioso. Abel Ferreira é o presente – e o futuro.
E você? Está liderando no século XX ou no século XXI?
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