O sucesso não era novidade para Rita Lee. Em 1970, a roqueira brasileira já acumulava três discos com Os Mutantes e inúmeras apresentações em todo o Brasil – além das apresentações na TV que mostraram “a cara” da banda para quem quisesse ver. Então, o que motivou a cantora a gravar um disco solo, afinal de contas? A resposta é simples: estresse interno no grupo e relações abaladas.
Mesmo assim, Build Up contou com várias parcerias de seu companheiro de Mutantes (e então esposo) Arnaldo Baptista e diversas participações especiais dos próprios Mutantes e do guitarrista Lanny Gordin. Lanny, aliás, só participou, pois Sérgio Dias, irmão de Arnaldo e guitarrista dos Mutantes, se recusou a gravar o disco.
Se as coisas andavam mal entre os Mutantes antes deste disco, o panorama mudou completamente e a paz voltou. Ou seja, a separação dos Mutantes foi “cancelada”, por assim dizer – e por isso Arnaldo esteve envolvido neste disco de estreia de Rita.
O disco nasceu para servir como base para o Build Up Eletronic Fashion Show, basicamente um espetáculo que mesclava música, teatro e moda criado pela empresa Rhodia visando a 13ª Feira Nacional da Indústria Têxtil.
Aliás, o disco foi muito bem mesmo com destaque para:
José (repaginando a versão de Nara Leão para Joseph, criada pelo compositor egípcio/francês Georges Moustaki)
O abre-alas Sucesso, Aqui Vou Eu, que inaugura o disco com ares de um verdadeiro standart de pop/jazz
O espetacular tango Prisioneira do Amor
A versão impecável e improvável para And I Love Her, dos Beatles.
A ideia de André Midani, presidente da gravadora Polygram, era que este disco distanciasse Rita da psicodelia dos Mutantes e dos experimentalismos da tropicália, mas tanto a presença de Arnaldo quanto do produtor Manoel Barenbeim e do maestro Rogério Duprat responsáveis pelo movimento brasileiro em questão, trouxeram Rita para o mundo que ela estava habituada a cantar e tocar.
Este é um disco pouco falando, mas que vale a pena ouvir. Duvida? Escute então Macarrão com Linguiça e Pimentão e descubra se estou errado.
Aroldo Antonio Glomb Junior é jornalista e Athletica