Tratar adulto como criança? O mundo profissional não aceita mais isso.

Eu tenho uma filha adolescente de 14 anos e um menino de 10 anos, ainda os trato como crianças:

– Tomou banho?
– Lavou a mão?
– Puxou a descarga?
– Estudou para prova?

É sobre isso e está tudo bem, esse é o meu papel. E quando esse comportamento se posterga além do tempo e invade as trincheiras profissionais e adultas?

Quando aquele que devia buscar o aprendizado, a superação, o conhecimento, o destaque na própria profissão fica aguardando alguém perguntar sobre o estado do próprio bumbum ou, ainda pior, ameaça “contar tudo para a mãe”?

É trabalho da liderança, do gestor, do chefe, do colega de trabalho se tornar babá de adulto? Qual é o limite?

Vamos aos fatos, e juro que vou tentar não entrar no campo da geração, mas, e sempre tem o “mas”, é preciso colocar uma lupa sobre nossas próprias vidas e atitudes.

De um lado temos adultos que ainda não entenderam de maneira efetiva as mudanças que estão ao nosso redor, mas estão lá, ainda que muitas vezes, sob a marca da reclamação, firmes, aprendendo.

Agora, há uma galera diferente, acostumada com o “venha a mim o Vosso reino”, acostumados com resoluções em poucos segundos. Pessoas pouco afeitas com os comentários críticos e sem compromisso com a veracidade ou a repercussão do mesmo. Esse profissional já está no mercado, está atuando, e, infelizmente, encontra um enorme números de “babás corporativas” que só fazem alimentar ainda mais esse pseudo ego infantil.

Nesta vertente, o que temos são tempos difíceis a frente.

Primeiro, porque esses profissionais infantilizados, em regra, se sentam e costumam chorar e culpar outros nas primeiras dificuldades. Não há a busca pela resolução, mas sim pelo culpado, que, claro, nunca é ele.

Os tempos também se mostram desafiadores por conta do sentimento de “abraço”, a quase proibição da discordância no ambiente corporativo. Fruto das bolhas da internet, não há mais lugar para o contraditório, ou para a mínima possibilidade de o erro estar nesses profissionais, não.

São acostumados a bolhas de solidariedade e compreensão, não de discussão. São acostumados a estrelas avaliativas em que os pequenos poderes parecem ganhar corpo no melhor estilo “você sabe com quem está falando?”.

Há que se pontuar: no intuito de “agradar” esse infantilizado profissional, os ambientes de trabalho ficaram mais divertidos, afinal, agora temos mesas de open bar, frutas, mesa de ping pong, pipoqueira, refrigerante e cerveja e, claro, um cantinho para o “merecido” descanso.

Por outro lado, esse cara é facilmente descartado. Ao tornar o escritório divertido, ao dizer que o “home office” é o presente, as grandes companhias aprisionaram as pessoas em um local sem grades.

Antes. 08h – 18h – Trabalho e aí você fazia o que bem entendesse com o tempo restante.
Hoje. Sem horário. Prazos apertados. Pessoas viraram números em grandes startups.

Ocasionalmente, e juro que é só de vez em quando, dá até inveja desse bebezão.
Gugu dadá!?

Sobre o colunista

Ediney Giordani

Jornalista, xoxial mídia, blogueiro, podcasteiro, escrevinhador de livros, pagador de promessas e impostos. Chão de Fábrica na KAKOI Comunicação.

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