Em 1976, o Black Sabbath trouxe ao mundo um dos discos mais lindos da sua discografia: Technical Ecstasy. Chegou a hora de falarmos sobre ele, seu incrédulo!
Ok, o Black Sabbath estava em uma posição difícil, tendo que escolher entre repetir seus antigos sucessos para agradar os fãs ou tentar algo novo e se desafiar como artistas. Embora a atmosfera geral fosse muito mais relaxada agora do que na época do pesadíssimo Sabotage, o guitarrista Tony Iommi teve o peso da produção do álbum em seus ombros, que acabou atrapalhando o clima bom e liquidando qualquer coisa positiva que ele pudesse ter gravado no estúdio de Miami.
As histórias da gravação são bem conhecidas, com o guitarrista supostamente tentando levar a banda para um caminho muito mais radiofônico que a tornaria aceita por um público maior, à medida que o mundo buscava algo novo e fresco musicalmente. O quarteto começou a deixar que as diferenças musicais e o vício em drogas e álcool despedaçassem a boa relação interna.
O fato de o Black Sabbath ter conseguido se unir o suficiente para gravar o álbum Technical Ecstasy foi um milagre.Que sonzaço!
A banda estava passando por um momento difícil. Havia lutas internas, problemas legais e vícios em drogas e álcool. No entanto, eles conseguiram se unir e criar um álbum que, apesar de não ser perfeito, é certamente digno de ser ouvido.
O álbum foi recebido com críticas mistas na época. Alguns críticos o elogiaram por sua experimentação e inovação, enquanto outros o criticaram por ser inconsistente e por não ser o melhor trabalho do Sabbath.
Anos depois, o álbum ganhou uma nova apreciação de muitos fãs e críticos. Alguns elogiam o álbum por sua ambição e visão, enquanto outros o veem como um produto de seu tempo, refletindo as mudanças que estavam ocorrendo na música rock na década de 1970.
Back Street Kids, a primeira faixa do álbum, um hard rocker direto feito com intensidade de bola de demolição. Riffs pesados e a dupla estrondosa de Bill Ward e Geezer Butler adicionando peso e emoção, ao lado dos uivos de Ozzy, “Eu sou um soldado do rock ‘n’ roll, vou tocar até morrer”, tudo se somando a algo que beira o clichê, mas ficou bem feito.
O que acrescentou outra camada ao trabalho foi o uso de Jeff Woodroffe nos teclados, seu toque espalhando um pouco de magia por todo o álbum e sendo uma revelação para quem está ouvindo o disco.
You Won’t Change Me é uma balada meio gótica banhada em órgão, algo inusitado para a banda naqueles dias. Tem um impressionante solo de guitarra descendente no meio daquela atmosfera toda.
Então temos It ‘s Alright, uma balada pop/piano. Muitas pessoas foram conferir no encarte quem estava cantando e começaram a escrever cartas de reclamação sobre “prensagens defeituosas em um álbum do Sabbath”. Mas vamos combinar que é uma solução interessante porque apresenta o baterista Bill Ward nos vocais principais. Soando como algo de um álbum do Wings, é bem escrita e o solo é mais um exemplo notável de por que o guitarrista é um mestre.
Sim, a voz de Ward também é uma linda e suave revelação nesta faixa, menos típica de toda a discografia da banda.
O baterista tem a chance de mostrar seu outro lado na percussão pirotécnica e poderosa em Gypsy! Caramba, que ritmo implacável e brutal com uma enorme quantidade de swing. A justaposição de guitarra e teclados ao longo da música, juntamente com a entrega de Osbourne, nos remete ao som que une o melhor de The Sensational Alex Harvey Band e Queen.
All Moving Parts (Stand Still) traz o funk no baixo de Butler impulsionando a música, sem perder o peso de forma alguma. Uma canção elegante sobre um travesti virando presidente dos Estados Unidos.
Então vem a faixa para “preencher espaço” Rock ‘n’ Roll Doctor, meio datada apesar de tentar recriar um clima hard rock com um pé no rock and roll dos anos 50! Um erro? Pode ser, um pequeno tropeço, quem sabe…
She ‘s Gone, com sua orquestração exuberante e violão maravilhoso, é a melhor performance de Ozzy Osbourne no disco – quem sabe, uma das melhores da carreira dele.Foi e é criticada, mas não importa: é sensacional!
O álbum então fecha com o pesado AOR de Dirty Woman, com harmonias estendidas e uma infinidade de toques agradáveis. Parabéns para o trabalho de Iommi frenético com um final contundente para um álbum difícil para a banda e para os fãs que amam apenas os “clássicos”.
Com uma capa icônica da Hipgnosis alusiva à cópula robótica, o disco ganhou uma versão Deluxe que vale a pena!
O Antigas Novidades falou sobre este disco.
Aroldo Antonio Glomb Junior é jornalista e Athleticano