18 de maio, 2024

ESG – Vamos começar pelo básico

ESG tem sido foco de muitas conversas de escritório e de mesa de boteco, abrangendo todas as suas vertentes, e infelizmente tenho visto muita desinformação sendo difundida. Para começar a colocar ‘os pingos nos is’ vamos começar pelo básico. ESG é o tema da moda, mas não é nada novo. Os assuntos que compõem o tema são discutidos há décadas, contudo esse formato atual só foi organizado em 2004.

Nesse ano o Sr. Kofi Annan, então secretário geral da ONU (Organização das Nações Unidas), questionou grandes instituições financeiras globais a integrar em seus investimentos as questões de meio ambiente (o E de Environment), sociais (o S de Social) e de governança (o G de Governance). O resultado dessa chamada foi o estudo denominado “Quem se importa, ganha” (Who Cares Wins – Connecting Financial Markets to a Changing World; UN Global Compact, 2004).

Essa chamada para participação, foi um “pedido” para trazer um novo olhar para as empresas e grandes projetos, para que se levasse em conta também como os empreendimentos interagem com o planeta e com os seres humanos. Milton Friedman (1912 a 2006) foi um economista muito famoso por afirmar que “há uma e apenas uma responsabilidade social dos negócios – utilizar seus recursos e se envolver em atividades destinadas a aumentar seus lucros, desde que permaneça dentro das regras do jogo, ou seja, participe de uma competição aberta e livre, sem engano ou fraude”.

“There is one and only one social responsibility of business—to use its resources and engage in activities designed to increase its profits so long as it stays within the rules of the game, which is to say, engages in open and free competition without deception or fraud.”

(Friedman, 1970)

No entanto precisamos ficar atentos que esse pensamento foi elaborado em 1970 e que de lá para cá, o planeta mudou em muitos sentidos. A população mundial saltou de 3,6 para 8 bilhões, e segundo uma projeção da ONU estamos caminhando para um pico populacional de 8,6 bilhões em 2050. O clima está passando por mudanças que ainda não conseguimos compreender totalmente. Ao mesmo tempo que temos um verão com temperaturas recordes, também passamos por “invernos fora de hora” e tudo isso tem impactos muito grandes. Pense um pouco no tamanho do desafio que é alimentar e fornecer água potável para uma população de 8 bilhões!

Para complicar um pouco mais, imagine que você é um governante que tem poder de decidir através do uso de subsídios ou taxação, que o seu país (um grande produtor mundial de alimentos) vai passar a exportar mais alimentos do que vender no mercado interno. Qual o impacto que essa decisão vai ter?

Viu só, em dois pequenos parágrafos a gente passou pelos 3 temas e você nem percebeu!

O compromisso que estou assumindo com vocês aqui nessa coluna é abordar o tema com uma linguagem prática e acessível, mas não pense que vai ser fácil. Sempre que possível vou colocar você, prezado leitor, a raciocinar muito!

 


 

FRIEDMAN, Milton. (1970, September 13). The Social Responsibility of Business Is to Increase Its Profits. New York Times Magazine. https://www.nytimes.com/1970/09/13/archives/a-friedman-doctrine-the-social-responsibility-of-business-is-to.html

UN Global Compact. (2005). Who Cares Wins. Connecting financial markets to a changing world. Recommendations by the financial industry to better integrate environmental, social and governance issues in analysis, asset management and securities brokerage. https://www.unepfi.org/fileadmin/events/2004/stocks/who_cares_wins_global_compact_2004.pdf

Sobre o colunista

Vitor Dalcin

Inquieto por natureza, marido, pai, viajante, Mestre em Engenharia, estudante de MBA Executivo, reciclador e tratador de resíduos há mais de 18 anos, empreendedor serial e apaixonado por inovação e criatividade.

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