Por que João foi demitido e José não?

João trabalhava há 21 anos em uma mesma empresa. Era funcionário que cumpria horário. Pouco faltava. Fazia tudo que mandavam.

Chegou a pandemia e João foi demitido.

José trabalhava na mesma empresa que João, mas estava lá há apenas 1 ano.

Chegou a pandemia e José foi promovido.

Por quê?

O que diferencia João de José?

Alguns leitores apontarão o salário.
Mais novo. Ganha menos.
Não foi isso.

Outros dirão que a pandemia pode adoecer primeiro os mais velhos, então, a empresa se adiantou e demitiu João antes que ele ficasse doente.
Também não foi isso.

Sabe porque João foi demitido?
Porque ele era dispensável.

É cruel?
Talvez. Mas é assim.

Muitas vezes as empresas precisam fazer escolhas difíceis. Manja aquele arco narrativo de herói que uma pessoa precisa perecer para a humanidade continuar? Então…

Apesar de João ser cumpridor de horário, fazer tudo o que mandavam, ele era isso. Apenas o “braço”.

José era a cabeça, o cérebro. Tomava decisões sob pressão. Aceitava a pressão. Era comprometido com o resultado não com o horário.

Pensa assim:

Alguém chega e diz:
João, estamos perto de resolver o problema X. 18h30 teremos a resposta.

Qual é o primeiro pensamento de João?
– Vou sair mais tarde.
– Será que vou ganhar hora extra?

Na mesma situação o pensamento de José é:
– Show, até que enfim.
– Massa, sabia que ia dar certo.
– Será que consigo resolver antes das 18h30.

Sim, o exemplo é simplório, mas ilustra.

Somos tão dispensáveis quanto nos fazemos dispensáveis. Ou a gente faz realmente a diferença no que fazemos, ou somos dispensáveis, simples assim.

Ah, mas você só fala de coisas grandes…

Calma, calabreso. Vou ter dar um grandão e que todos conhecem.

Steve Jobs. O cara que inventou a Apple e o iPhone que tem aí no seu bolso.
Ele criou a empresa. Ele fundou. Ele ficou tão absorto em suas convicções que se tornou dispensável.

Demorou 11 anos para que ele fosse convidado a voltar.
Nesse ínterim a empresa fez coisas boas e ruins.
Jobs só fez coisas diferentes. Coisas boas. Se tornou a estrela.
Ele passou a ser o sonho de consumo da própria empresa.
Voltou e fez a diferença.

Esse texto não é sobre fazer coisas de graça.
Não é sobre cumprir horário.
É sobre você se fazer diferente.

Ser tão bom que não possa ser ignorado.
É sobre isso.

Sobre o colunista

Ediney Giordani

Jornalista, xoxial mídia, blogueiro, podcasteiro, escrevinhador de livros, pagador de promessas e impostos. Chão de Fábrica na KAKOI Comunicação.

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